Estes ensaios sobre as leituras
obrigatórias para o vestibular da Universidade Federal de Santa Maria
traduz, por desejo próprio, uma contemplação aos grandes personagens da
literatura brasileira, especialmente às femininas. Anas, homenageiam Ana
Terra do O Continente, de Érico Veríssimo, uma mulher que transcendeu a
coragem e o espírito materno e guerreiro do século XVIII nas história e
cultura do Rio Grande do Sul; também faz alusão a Don'Ana, dos Badaró
(da obra Terras do sem fim, de Jorge Amado) por mostrar-se corajosa e
perspicaz, participando do mundo cruel (e lírico, às vezes) do homem,
principalmente, em uma terra "adubada com sangue" para plantar o
cacau.
Aurélia, alude à personagem
alencariana (da obra Senhora) que soube conquistar o homem que amava com
os instrumentos que lhe cabiam criados pelos próprios homens. Apesar de
pertencer ao mundo idealizado do Romantismo, Aurélia Camargo teve
perspicácia e destreza para vencer as adversidades e entregar-se ao amor
eterno.
Marília, refere-se à bela Maria
Dorotéia de Seixas (de Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga)
que botou o pastor Dirceu no inferno (ou no desejoso "céu"
plástico de arcades) da paixão. Há, ainda, as "Cecílias",
"Ritas" e "Carolinas" dos contos machadianos.
Personagens femininas desfilam seus
charmes e venenos nos contos de Guimarães Rosa e, principalmente, de
Clarice Lispector que tenta as libertar do mundo feito pelos/ e para os
homens. A fogosa Ângela e a "caridosa" d.Ema dO Ateneu, de Raul
Pompéia, engrossam o time das mulheres. Olga Coleoni, de Triste Fim de
Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, parece estar no mesmo nível das Anas
já mencionadas porque possui a mesma coragem e o mesmo instinto de
sobrevivência delas, diminuída um pouco de heroísmo em relação a mais
surpreendente de todas, Ana Terra.
Mas nenhuma delas, salvo o gosto
pessoas dos leitores (ou das leitoras), agigantam-se à senhora poesia:
seja a romântica exaltadora de Gonçalves Dias, angustiante dos poetas do
Mal do Século, grandiloqüente de Castro Alves, lírica e cotidiana de
Manuel Bandeira ou social e metapoética de Carlos Drummond de Andrade. A
senhora poesia está em todas as Anas, Aurélias, Marílias, Olgas,
Severianas...
Este livrinho de ensaios, é bom que
se diga, não substitui a leitura das obras listadas pela Universidade
Federal de Santa Maria. Pelo contrário, o objetivo é estimular à
posterior leitura delas para que o desejo de que os futuros acadêmicos
interajam com a leitura se concretize.
Estes ensaios apenas pretendem ajudar
os vestibulandos na difícil e desejosa tarefa de serem aprovados no
vestibular em seus cursos. Existe um processo seletivo que exige
conhecimento em várias áreas, a concorrência é acirrada e a média tem
que ser harmônica em todas as matérias. Isso nos exige a preparação
deste material para que os alunos façam uma boa prova de literatura.
Aqui, os vestibulandos encontram as
informações necessárias sobre as obras sugeridas, sobre seus
respectivos autores e sobre as escolas literárias a que pertencem.
Mesmo assim, vale lembrar o que
disseram Castro Alves e Ziraldo, respectivamente: "Benditos os que
semeiam livros / Livros à mão cheia e mandam o povo pensar..." e
"Ler é mais importante que estudar".
Há fragmentos, principalmente
poético - e alguns na íntegra, à disposição para serem interpretados.
Espero que estas informações sobre as obras despertem a curiosidade e o
gosto pela leitura das mesmas e que, também, cumpram com o seu objetivo
principal: a conquista de uma vaga na Universidade.
Prof. Ms Gilmar de Azevedo